Discours d'Ouverture de
Madame Isabelle de OLIVEIRA
Présidente
O poeta Friedrich Von Schiller, escreveu um dia que “A língua é o espelho de uma nação.”
E é neste espelho de nações com convidados oriundos de várias partes do Mundo, mas com a questão da Lusofonia, bem presente e no centro das nossas preocupações e motivações, que aqui nos encontramos hoje, a iniciar o Fórum Internacional Económico, que conta com o impulso do Instituto do Mundo Lusófono.
Um fórum que se quer precisamente que seja um espaço de discussão, análise e pensamento na prossecução da dinâmica de construção de um espaço económico lusófono, que seja um reflexo também do melhor que fazemos ao nível da lusofonia a muitos outros níveis.
Com o nosso mundo global assolado com duas crises seguidas como é o caso da pandemia da COVID-19 e a guerra na Ucrânia, não podemos, não devemos, fechar os olhos às consequências globais que daí resultam e impõem-se a questão, como pode a Lusofonia posicionar-se neste mundo em mudança?
As crises, são muitas vezes janelas de oportunidade singulares, e devem ser vistas não apenas do lado da fatalidade, mas também do ângulo da oportunidade. Oportunidade para fazer diferente, para fazer mais, para transformar, para nos reinventarmos.
Neste fórum internacional, onde a economia é o tema em análise, é fundamental olharmos para os desafios que temos pela frente, mas também para as nossas capacidades, idiossincrasias, capacidade de diálogo e a capacidade de sonhar.
E foi graças à capacidade de sonhar, de acreditar que podemos sempre fazer mais, fazer diferente e fazer melhor, que surge o Instituto do Mundo Lusófono, cujo este fórum internacional marca também o arranque do Instituto em Portugal.
A cidade de Paris é o berço do IMLus, um organismo que, por meio da propagação da cultura e conhecimento produzidos pelos povos lusófonos, dentre outras várias formas de atuação, pretende assumir um papel de destaque na construção de uma verdadeira identidade lusófona renovada, moderna e progressista.
O IMLus deseja ser um celeiro de idéias, reunindo pessoas e instituições que, tendo em comum o uso da língua portuguesa, pretendam contribuir para uma Lusofonia humanizadora e transformadora. Nesse sentido, o IMLUS pretende ser um centro de aprofundamento de reflexões, propagação de cultura dos povos lusófonos, melhoria de práticas e de luta pela construção de um outro paradigma para a Lusofonia. Dada a importância da língua e comunidade lusófona em França, o IMLus preencherá uma enorme lacuna, eis que diversas outras instituições similares já desempenham papéis similares em prol de suas respectivas línguas e comunidades, ainda que bem menos numerosas do que a Lusófona.
Esta nova instituição em prol da lusofonia visa reforçar o uso e a influência da língua portuguesa no mundo em todas as suas dimensões: política, cultural, educativa, económica, mediática, científica, técnica, geográfica, desportiva, dentre outras, assegurando simultaneamente a promoção dos valores comuns dos povos lusófonos.
O IMLus será um espaço privilegiado de diálogo, de aprendizagem, de intercâmbio e partilha de ideias, opiniões, esforços e vontades, criação de sinergias e desenvolvimento de mecanismos em rede, e de projetos arrojados. Queremos uma política da língua fundada num espírito de partilha e solidariedade, à semelhança doutros grandes espaços linguísticos como, por exemplo, a Francofonia, que permita a sua divulgação ampla como meio fundamental de manter a independência política, cultural e linguística. No IMLus não haverá lugar para conformismos exigindo-se credibilidade, ação, conhecimento aprofundado, experiência e pro-actividade face a um “mundo” que se vai revelando cada vez mais aguerrido e complexo. Assim, o IMLus será um organismo vivo, caminhante.
É na luz deste diagnóstico que surge o IMLus com propostas e ações concretas visando lançar pontes entre a Lusofonia e os outros grandes espaços linguísticos num ótica tranversal, global e inclusiva, única forma de permitir a sobrevivência da Língua Portuguesa pelos próximas décadas e séculos, sem fragmentação. A nossa noção de LUSOFONIA abarca os que falam, escrevem e trabalham a língua, independentemente da cor, credo, religião ou nacionalidade.
Sabemos que o caminho será longo e naturalmente com dificuldades, mas também sabemos a riqueza do conhecimento que podemos partilhar e prova disso foram as inúmeras alterações feitas ao programa deste fórum internacional, uma vez que os contributos não paravam de chegar, obrigando a agregar mais e mais convidados com visões de grande interesse para a nossa Lusofonia.
Sei igualmente, que este é um projeto cuja originalidade e empenho em fazer, pode motivar dúvidas e quem sabe olhares de interrogação, mas uma vez mais é a vontade inabalável de fazer e construir que aqui nos traz, e qualquer dificuldade que o Instituto encontre decerto será uma oportunidade de crescimento e fortalecimento.
Aliás, ao longo da vida sempre aprendi que das dificuldades retiramos sempre lições, e permitam-me que vos diga que da criação do Instituto retirei duas lições de vida essenciais: a importância da família e dos verdadeiros amigos que sempre nos apoiam e nos encorajam no sentido de nunca deitarmos a toalha ao chão, antes pelo contrário lutarmos pelo que acreditamos sem sacrificar os nossos próprios valores e princípios.
O IMLus é também a prova que se podem criar projetos nobres a partir da sociedade civil e com o apoio do mundo empresarial que tem aqui um papel determinante, e só assim podemos levar as cores da lusofonia ainda mais longe escrevendo uma página nova, mais moderna e progressista da lusofonia.
Minhas Senhoras e meus Senhores, ilustres convidados…
Em boa hora decidiu o Departamento de Estratégia e Desenvolvimento Económico do Instituto do Mundo Lusófono, organizar esta iniciativa que é um passo dado no caminho da prossecução da dinâmica de construção do espaço económico lusófono, sendo assim possível promover e facilitar oportunidades de negócio, agrupando membros do patronato e empresas.
A lusofonia representa uma economia-mundo, emergente sob diversos aspetos e forma uma área geográfica de fronteiras estáveis e um ecossistema político, linguístico e cultural.
O denominador comum deste grande conceito lusófono de prosperidade é, sem dúvida, a língua portuguesa, uma língua de cultura e diplomacia, mas também uma língua empreendedora do futuro, falada por 60% por jovens com menos de 30 anos, aprendida diariamente por mais de 100 milhões de alunos e a quarta língua mais usada na Internet.
A partilha de uma língua é um importante facilitador negocial. A língua portuguesa poderia tornar-se uma rede fluida e radiante de uma interdependência económica solidária entre as suas centenas de milhões de falantes.
Evidentemente que a barreira da língua é muito maior no comércio de serviços do que no comércio de mercadorias. É também um dos maiores entraves ao comércio de bens complexos de elevado valor acrescentado, que exige uma comunicação direta entre o importador e exportador, desafios que certamente hoje serão aqui abordados.
O Fórum Internacional Económico tem este objetivo claro de desenvolver o conhecimento nas grandes apostas da mundialização das economias, acentuando as relações entre o mundo lusófono, o mundo francófono e a hispanofonia, mas é também uma oportunidade para o encontro de decisores económicos e de empreendedores, a fim de trocar ideias sobre novas perspetivas de empreendedorismo, dando visibilidade às empresas, encorajando e facilitando oportunidades de negócio (economia de mercado, economia verde, economia azul, economia social, economia do desporto, economia do turismo, indústrias culturais e criativas).
Neste mundo em permanente mutação, de desafios constantes que nos obrigam a fazer da resiliência, por vezes, a única arma possível para enfrentar os desafios, existem pessoas e instituições de excelência e, diria eu, extraordinárias que se movem pela filantropia e pelos valores do humanismo, que fazem mudar a forma como vemos e percecionamos o mundo e que no limite nos levam a acreditar no sonho de uma sociedade e de um mundo melhor!
Termino agradecendo a todos os que acreditaram nesta ideia, que disseram presentes e que se disponibilizaram para partilhar, aqui no belíssimo Centro Cultural de Belém, todo este conhecimento pró-ativo e certamente diferenciador.
Hoje está dado o primeiro passo, em Portugal, do IMLus que contará no seu caminho com o apoio da instituições e das empresas para continuarmos o crescer rumo a uma lusofonia universal em parceria com todos aqueles que já trabalham pela mesma causa.
Todos juntos ainda somos muito poucos e uma União Lusófona é primordial. Não descurando a Latinidade e claramente o universo francófono com os quais temos muito para aprender. Alias, uma das grandes características do IMLus é justamente esta junção entre Lusofonia e Francofonia.
Desejo-vos um excelente fórum e um excelente dia de trabalho, pela Lusofonia.
Isabelle de Oliveira
Presidente do Instituto do Mundo Lusófono